A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS, romance de valter hugo mãe (2010) [capítulos 13 a 22]


CAPÍTULOS 13 & 14


1. Justificação do título dos capítulos. 
     “a máquina de roubar a metafísica a um homem” (cap. 13): neste capítulo, esteves morre. A característica principal de esteves é que  está cheio de metafísica. Podemos dizer que “a máquina” referida no título é o lar. Neste caso, o lar roubou a metafísica de esteves, sendo a metafísica o esteves. O lar roubou então o que fazia do esteves o esteves, sua vida, daí o título do capítulo. Outra hipótese de explicação é seguirmos o que nos diz o silva da europa que vê na ditadura salazarista a máquina que roubou a metafísica aos portugueses.
"cidadãos não praticantes” (cap. 14): no lar todos os idosos são cidadãos, mas não podem exercer na íntegra os seus direitos por causa de seu estado de saúde (como por exemplo o medeiros, o homem que é nomeado o legume pelos outros residentes do lar, não pode "praticar" por causa do seu estado: ele não pode andar, fica todo o dia no seu quarto e insulta sempre os que o rodeiam) Costuma usar-se o adjetivo 'praticante' para assuntos religiosos, diz-se que uma pessoa é praticante se vai, por exemplo, no caso da religião católica, todos os domingos à Missa. Neste título o adjetivo, porque não está usado no seu sentido habitual, acaba por ser engraçado. Neste capítulo os cidadãos portugueses surgem como não praticantes porque não têm orgulho em serem portugueses o que constrasta com o cidadão espanhol que entra no lar e que faz questão de sublinhar ser enrique de badajoz de portugual, os estrangeiros podem gostar de serem portugueses, contrariamente aos portugueses.


2. Identificação da mensagem que o autor pretende veicular nesses capítulos. 
     Com a obra, o autor pretende fazer-nos pensar sobre a infelicidade de certas pessoas nos lares, muitos pensam que os lares são a melhor solução para tratar dos idosos. O autor mostra-nos a vida num lar, que é certamente diferente do que muitos leitores poderiam imaginar.
     No capítulo 13, vemos que a morte faz parte da vida, difícil sim mas que podemos enfrentar com a ajuda da família e dos amigos: o narrador nesse capítulo, depois da morte do esteves, está em depressão, mas vai melhorando com as visitas da filha.
     No capítulo 14, vemos que alguns momentos maus e tristes podem revelar-se bons e felizes (há uma chegada ao lar de um novo idoso, a chegada de Enrique; o doutor bernardo descobriu que era o silva que enviava cartas à dona marta, e as pessoas aconselham-no a escrever um livro.
 



3. Identificação do retrato da terceira idade.



4. Identificação da atualidade dos capítulos.
    O capítulo 13 ainda é atual porque hoje ainda há muitas pessoas da terceira idade que morrem nos lares sem que as famílias os venham visitar. O que é triste. Quando uma pessoa do lar morre, o impacto dessa morte continua atual, os outros idosos "renovam" o medo de morrerem. A atualidade do capítulo 14 pode ser questionada relativamente à falta de orgulho em ser-se português. Se durante o Estado Novo esse orgulho, na maioria da população, não existia (mesmo se o fascismo o incentivava), hoje, com o desenvolvimento económico começa a existir.





5. Escolha de uma imagem caracterizadora dos capítulos, da sua mensagem, do retrato. 

in http://bien-vivre-chez-soi.com/wp-content/uploads/2014/07/03solitudesenior.jpg, consultado a 6-5-2018.


6. Esquematização das ideias dos capítulos (resumindo o enredo por forma a destacar o retrato da terceira idade).





7. Elaboração de 2 perguntas sobre os capítulos baseadas no conteúdo do póster  (esquema dos capítulos). 

              1) O elemento perturbador deste capítulo é a morte do Esteves?
              2)Instalaram o sr. Silva no antigo quarto do Esteves, junto ao Medeiros?


MN & LLM


CAPÍTULOS 15 & 16


1. Justificação do título dos capítulos.


     O título do capítulo 15 “velhos de cabeça” refere o envelhecimento do Senhor Pereira. O título é também uma expressão usada pelo sr. pereira que não se sente merecedor das palavras de agradecimento do Américo pelas cartas escritas à dona marta.
     O título do capítulo 16 “a memória selectiva”, refere talvez a memória do protagonista que vai recordando e interpretando como pode o seu passado.

2. Identificação da mensagem que o autor pretende veicular nesses capítulos.

     No capítulo 15 o sr. silva faz o seu mea culpa relativamente ao seu comportamento durante o fascismo, virado para a vida de família, sem amigos, não contestando o regime chegando mesmo a colaborar. representa no fundo uma grande maioria de portugueses durante a época salazarista. Calando e consentindo. Vemos igualmente os velhos perante a doença e a forma como a enfrentam e se apoiam.
     No capítulo 16 vemos o sr. silva arrependido da sua cobardia passada (confessando-a ao dr. bernardo). O fim da vida presta-se a momentos de balanço e isso vê-se através da forma como o protagonista recorda alguns momentos passados e os lamenta.


3. Identificação do retrato da terceira idade.



4. Identificação da atualidade dos capítulos. 

      Nestes dois capítulos vemos de que forma os idosos podem lidar com o passado. Vemos o arrependimento que pode surgir, a doença, a falta de coragem para ir ao cemitério... tudo isto permanece atual, são comportamentos que é frequente ver e sentir nos mais velhos.


5. Escolha de uma imagem caracterizadora dos capítulos, da sua mensagem, do retrato. 


6. Esquematização das ideias dos capítulos (resumindo o enredo por forma a destacar o retrato da terceira idade).




7. Elaboração de 2 perguntas sobre os capítulos baseadas no conteúdo do póster  (esquema dos capítulos).
              1. O sr. Silva em novo vivia rodeado de amigos?
              2. O sr. Silva denunciou alguém à PIDE no passado?

FC & MR


CAPÍTULOS 17 & 18


1. Justificação do título dos capítulos.


     O título  do capítulo 17,  “a máquina de fazer espanhóis” é idêntico ao do livro. Vemos surgir duas ideias que nos fazem refletir: por um lado a falta de orgulho dos portugueses em serem portugueses e, surpreendentemente um espanhol que deu entrada no lar dá vivas a Portugal numa postura anti-Franco. Portugal seria então a máquina de fazer espanhóis? Teria sido bem melhor nunca nos termos tornado independentes de Espanha? O espanhol que dá vivas a Portugal (o Enrique de Badajoz) rejeita o ditador Franco e as recordações do sr. silva sobre o salazarismo sugerem que os portugueses podem fazer o caminho inverso. Consequências das ditaduras nos povos peninsulares…

     O título do capítulo 18, “deus é uma cobiça que temos dentro de nós”, traz reflexões filosóficas e religiosas por parte do protagonista que foi um católico medianamente praticante durante o salazarismo. O sr. silva procura explicar o porquê desse apego a deus que hoje, na velhice e na democracia, rejeita.


2. Identificação da mensagem que o autor pretende veicular nesses capítulos.


    No capítulo 17, o autor pretende destacar a forma como os portugueses veem Portugal no pós 25 de abril, consequência dos largos anos de ditadura fascista. Já no capítulo 18, o autor traz uma reflexão sobre a forma como a religião católica foi imposta pelo Estado Novo.


3. Identificação do retrato da terceira idade.



4. Identificação da atualidade dos capítulos. 


      A atualidade do capítulo 17 reside no facto de ainda hoje haver portugueses que criticam Portugal. Se na obra essa crítica tem origem no salazarismo, hoje essa crítica nasce da crise económica e da forma como os dirigentes políticos gerem a situação chegando mesmo a aconselhar os portugueses a emigrarem. No capítulo 18, o questionamento em torno de Deus é algo que se mantem atual, se Portugal é um país de tradição católica que o salazarismo ajudou a cimentar no século XX, a chegada da democracia com o 25 de Abril de 1974 veio favorecer o questionamento em torno de Deus e da Igreja que ainda hoje acontece.


5. Escolha de uma imagem caracterizadora dos capítulos, da sua mensagem, do retrato. 



6. Esquematização das ideias dos capítulos (resumindo o enredo por forma a destacar o retrato da terceira idade).




7. Elaboração de 2 perguntas sobre os capítulos baseadas no conteúdo do póster  (esquema dos capítulos). 
                1) Os inspetores da polícia são bem acolhidos pela d. leopoldina?
                2)  O sr. silva é católico praticante?

CP & CC


CAPÍTULOS 19 & 20


1. Justificação do título dos capítulos.


    O título do capítulo 19 “somos um povo de caminhos salgados” caracteriza o povo português. O protagonista diz esta frase depois da aparição no lar de duas mulheres chamadas Xanica e Pachi. O protagonista e os seus amigos, rindo dos nomes delas, lamentam a leveza do povo português, dizendo que “andámos nós a desbravar os mares, a encontrar monstros marinhos e terrestres, a sofrer de escorbuto e a morrer de amor por elevadas donzelas exóticas, para chegarmos a este ponto e nos vermos infestados de madames xanicas e pachis [...]” (p. 263) A frase “somos um povo de caminhos salgados” significa que Portugal tem uma história difícil, que o povo resistiu, combateu e trabalhou duro para obter o conforto da vida de todos e o bem do país. Silva insinua que o povo português perdeu toda a sua grandeza dando a mulheres nomes de animais.

     Cada capítulo deste romance tem um título, e cada título corresponde a uma frase tirada do capítulo em questão. Neste caso, o título do capítulo 20 é “o que couber aí é pequeno”, e foi tirado da página 290. Esta frase foi pronunciada pelo sr. pereira ao proctólogo que examinou o seu ânus. O sr. pereira contou por sua vez esta consulta ao seu amigo sr. Silva, o narrador da história, repetindo a conversa que tivera com o médico. Esta frase faz referência ao ânus do sr. pereira, e à consulta que muito lhe desagradou por achar que o médico, “paneleiro de certeza” segundo ele, andava a “procurar coisas grandes” enquanto “o que couber aí é pequeno”. Mas esta frase foi escolhida para intitular este capítulo, por isso penso que pode ter um alcance mais geral, referindo-se também ao cancro do sr. pereira, à sua doença, que o fragiliza um pouco mais cada dia que passa.


2. Identificação da mensagem que o autor pretende veicular nesses capítulos.


     Este capítulo 19 descreve sobretudo o salão de almoços do lar, que o autor nos apresenta como uma pequena “comunidade” morta, que a vida abandonou: “todos se esforçando para fazer de conta que aquele ainda era um lugar de vida” (p. 269). Ele descreve minuciosamente cada detalhe, cada pessoa que ali almoça e onde está instalada na sala. A mensagem que o autor pretende transmitir, neste capítulo, é o quanto o lar e os velhos que lá vivem estão sós e isolados do mundo, esquecidos das suas famílias. Ele dá-nos o sentimento de que o lar é um pequeno mundo autossuficiente “como um universo perfeito”, “quem seria o colega a juntar-se ao mundo de mesas rectangulares e redondas onde nos habituávamos a ir fechando o mundo” (p. 273).

     Neste capítulo 20, o autor aborda temas como o amor, a doença e a fragilidade na terceira idade, e penso que a mensagem que pretende veicular é que com o tempo, o corpo pode enfraquecer, mas o espírito pode manter-se são, e até tornar-se mais forte. Por exemplo, após a consulta com o proctólogo, que lhe diagnosticou um cancro, o sr. pereira continuou a fragilizar-se fisicamente de dia para dia mas permaneceu completamente lúcido relativamente ao termo da sua doença e também não esqueceu a humilhação que foi para ele a consulta com o médico. Quanto ao Anísio, mesmo se o seu corpo envelheceu, o mesmo não foi o caso do seu coração, e, apesar da idade, começou a namorar com a dona glória do linho, mesmo se “era para ser uma conquista de cuidados” (p. 278).


3. Identificação do retrato da terceira idade.



4. Identificação da atualidade dos capítulos. 



     Infelizmente a vida tal como descrita no lar (cap. 19) ainda é atual pelas informações que nos chegam por vezes através de familiares, outras vezes através dos meios de comunicação social que nos mostram uma vida à parte dos seniores que residem em lares. O retrato que a obra nos dá parece de faco ser bastante atual.

     A mensagem (do cap. 20) é atual porque sempre houve, há e sempre haverá pessoas da terceira idade, doenças, fragilidades e histórias de amor. Ainda por cima, esta mensagem é universal, porque os elementos que acabei de referir estão presentes no mundo inteiro. Com o tempo, e segundo os países, é possível que os modos de pensar e de viver evoluam, mas certos elementos que fazem a identidade de uma sociedade e que a constituem permanecem idênticos. Nomeadamente a velhice e a forma como afeta o corpo e o espírito do ser humano, precisamente o que se aborda no capítulo 20 em particular, e, em geral, na obra a máquina de fazer espanhóis.


5. Escolha de uma imagem caracterizadora dos capítulos, da sua mensagem, do retrato. 


6. Esquematização das ideias dos capítulos (resumindo o enredo por forma a destacar o retrato da terceira idade).






7. Elaboração de 2 perguntas sobre os capítulos baseadas no conteúdo do póster  (esquema dos capítulos).
               1. O sr. Anísio lançava olhares apaixonados à dona Glória?
               2. Será que os idosos mantêm sempre relações pacíficas entre eles?


MG & VG


CAPÍTULOS 21 & 22


1. Justificação do título dos capítulos.

   
    O título deste capítulo 21 é uma frase pensada pelo narrador: "precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia". Depois da morte do seu amigo, senhor Pereira, o senhor Silva apercebeu-se que encontrou verdadeiros amigos no lar. Mesmo se durante toda a vida não valorizou nem teve amigos, vivendo virado para a família, percebe finalmente à beira da morte que tem na realidade muitos companheiros ao lado dele (e que a família afinal não é garantia de amor - o filho ricardo foi para a Grécia, não esteve no funeral da mãe nem o veio visitar ao lar). 

    O título deste capítulo 22 é um oximoro “melhoras da morte”, talvez faça referência à expressão popular “melhorias da morte” que indica um estado de melhoria física e mental antes de uma pessoa morrer. É o estado em que Silva está na manhã após à operação, então podemos adivinhar que Silva está próximo da morte.



2. Identificação da mensagem que o autor pretende veicular nesses capítulos.


    O autor pretende talvez mostrar-nos (cap. 21) que um lar pode ser um lugar onde aprendemos muitas coisas, criamos novas relações e onde fazemos novos amigos. Desta forma, também podemos pensar que qualquer situação tem um lado positivo.
     O autor revela-nos no último capítulo da obra que a morte do Silva é pacífica e junto aos seus amigos mesmo se ele está num lar.

3. Identificação do retrato da terceira idade.



4. Identificação da atualidade dos capítulos. 


    As mensagens transmitidas pelo autor nestes dois últimos capítulos permanecem atuais: porque estamos numa época em que cada vez mais filhos colocam os pais num lar, o que é triste por diminuir a liberdade das pessoas idosas, mas também tem lados positivos que o autor consegue mostrar neste final de obra, nomeadamente a forma como os seniores se entreajudam em final de vida.


5. Escolha de uma imagem caracterizadora dos capítulos, da sua mensagem, do retrato. 



6. Esquematização das ideias dos capítulos (resumindo o enredo por forma a destacar o retrato da terceira idade).




7. Elaboração de 2 perguntas sobre os capítulos baseadas no conteúdo do póster  (esquema dos capítulos).


                  1) No lar da "Feliz Idade" os velhos se ajudam?

              2) O senhor Silva está a morrer?








JD & GR

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